sexta-feira, 22 de março de 2013

A MAÇÃ






A maçã que Eva dá a Adão, seduzido por uma serpente, simboliza o abandono da sexualidade infantil e o acesso à sabedoria e à sexualidade adulta. A passagem da inocência à fantasia criativa.

Em muitos mitos e contos de fadas, a maçã representa o amor e o sexo, nos seus aspectos benevolentes e perigosos. Uma maçã dada a Afrodite, deusa do amor, mostrando que ela era a preferida de entre as deusas, levou à Guerra de Tróia.

A maçã Bíblica seduziu o homem e fê-lo renunciar à inocência para conseguir conhecimento e sexualidade. Foi Eva quem foi tentada pelo macho, representado pela cobra, mas nem mesmo esta pôde fazer tudo sozinha - precisou da maçã, que na iconografia religiosa também simboliza o peito materno. No peito materno, todos tivemos uma atracção inicial para formar uma relação, e encontrar satisfação nisso.

 Em Branca de Neve, mãe e filha dividem a maçã. Esta simboliza algo que têm em comum e que vai mais a fundo do que os ciúmes mútuos - os desejos sexuais maduros de ambas. Para vencer as suspeitas de Branca de Neve, a rainha divide a maçã no meio, comendo a parte branca, enquanto Branca de Neve aceita a metade vermelha, "envenenada". “

Bruno Bettelheim, Psicanálise dos Contos de Fadas









segunda-feira, 11 de março de 2013

Sabe se está a dormir com o inimigo?


Eles são encantadores à primeira vista, essas pessoas geralmente causam boa impressão e são tidas como “normais” pelos que as conhecem superficialmente.

No entanto, costumam ser egocêntricas, desonestas e indignas de confiança. Com frequência adoptam comportamentos irresponsáveis sem razão aparente, excepto pelo fato de se divertirem com o sofrimento alheio. Os psicopatas não sentem culpa. Nos relacionamentos amorosos são insensíveis e detestam compromisso. Sempre têm desculpas para seus descuidos  em geral culpando outras pessoas. Raramente aprendem com seus erros ou conseguem controlar impulsos.
Conhecer o Perfil do psicopata e os comportamentos que podem indicar sinais de um relacionamento perigoso que muitas vezes somente são percebidos após um longo e desgastante conflito e sofrimento.

“Comportamentos do psicopata/primeiros sinais: “Esses começam a ser mostrados com o passar do tempo, principalmente se a mulher não faz o que ele pede, se ela se impõem ou se mostra contra as vontades dele. Aí podem surgir ataques de ira, violência com tapas e pontapés e um sadismo exacerbado e muito latente”

No filme Dormindo com o inimigo (1981), Martin Burney (Patrick Bergin) parecia ser o homem dos sonhos de Laura (Julia Roberts): bonito, bem-sucedido e sedutor. Mas depois de casada, ela descobre o verdadeiro Martin, o pior pesadelo de uma mulher: compulsivo, dominador e perigosamente violento.


É importante ressaltar o perfil do inimigo, pois muitas mulheres são mortas por não conseguirem detectar nenhum perigo à sua volta. Quando percebem que algo está errado, pedem ajuda, mas nada acontece, isso porque temos uma lei que não é aplicada de forma correta e devida.


Esses inimigos que as mulheres acolhem, mimam e desejam em suas vidas, muitas vezes são psicopatas; termo usado pela psiquiatria para descrever o indivíduo frio, sem sentimento amoroso pelo próximo, com ausência total de culpa, remorso ou solidariedade.


É de extrema importância ressaltar que o **psicopata não é doente, ele é um indivíduo frio e sádico, extremamente lúcido e sabe exactamente como agir com suas vítimas.


A maioria deles não irá matar, mas aplicará golpes financeiros em suas parceiras e buscarão uma próxima vítima.


Escolhem suas vítimas pela vulnerabilidade, principalmente mulheres carentes, frágeis de atenção e com auto-estima baixa. Detectando a vítima, ele vai ao ataque.


Ele procura conquistá-la, fingindo ser amoroso, romântico ao extremo e extremamente apaixonado. Hoje em dia com a facilidade tecnológica da internet é muito fácil para esses predadores escolheres suas vítimas. Basta entrar em uma sala de bate-papo e escolher a mulher mais carente que achar para iniciar seu jogo cheio de charme e sedução.

E vai de sedução em sedução, mal a mulher mostra a vontade surgem ataques de ira, numa relação na internet larga e vai à procura de outra.


Os sinais começam a ser mostrados com o passar do tempo, principalmente se a mulher não faz o que ele pede, se ela se impõem ou se mostra contra as vontades dele. Aí podem surgir ataques de ira, violência com tapas e pontapés e um sadismo exacerbado e muito latente.


Após o ataque não há culpa, mas provavelmente ele fingirá a culpa para poder reatar, dizendo que não teve a intenção; fingirá um arrependimento enorme e chorará pedindo perdão. A maioria das mulheres continua com esses homens após serem espancadas e agredidas fisicamente e verbalmente, tentando justificá-los a qualquer preço ou entrando no processo neurótico de que são as únicas capazes de modificá-los.



É importante saber quebrar os laços no primeiro sinal de perigo, lembrando-se sempre: Ninguém modifica um psicopata, nenhuma mulher, nenhum psiquiatra, nenhuma prisão; são seres imutáveis, ervas daninhas que devem estar fora do convívio da sociedade.






quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

ADEUS


Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
E o que nos ficou não chega
Para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
Gastámos as mãos à força de as apertarmos,
Gastámos o relógio e as pedras das esquinas
Em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
Era como se todas as coisas fossem minhas:
Quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
Porque ao teu lado
Todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
Era no tempo em que os meus olhos
Eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
Uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
Já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
Tenho a certeza
Que todas as coisas estremeciam
Só de murmurar o teu nome
No silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
Não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade, in “Poesia e Prosa”




sábado, 9 de fevereiro de 2013

Espelho, Espelho meu, quem é mais dependente que eu?


Espelho, Espelho meu, quem é mais dependente que eu?

 Na  geração dos meus Pais e no meio em que cresci, uma mulher fumar era natural, muitas das amigas dos meus Pais, Tios fumavam. Também frequentavam espectáculos, Ballet, Teatro, Cinema, Exposições com muita frequência.

Pela sua formação, o meu Pai convivia com Artistas e gente com muita sensibilidade estética.
Saiam à noite em casais e eram impensável que uma senhora pedisse uma Coca-Cola.
Vivia num ambiente nada provinciano e conservador.

As mulheres encontravam-se para lanchar, trabalhavam, tinham vida própria.
A minha Mãe tem 79 anos e fuma.

Eu fumo e bebo, fumo onde me deixam e bebo quando posso.

Uma das coisas que me dá muito prazer é estar sentada a uma mesa com um grupo de amigos, com um copo de uma boa bebida e uma boa conversa.

Não bebo as bebidas das senhoras (doces) fazem-me mal. Gosto de um bom vinho e de uma imperial bem tirada com um prato de tremoços.

Há gente que dizem que eu sou cheia de adições (esta palavra que agora apareceu adaptada directamente do inglês, como a linguagem cibernética e que quer dizer dependências)

Realmente a “escravatura” em relação ao cigarro não tem piada nenhuma, esta obsessão, como qualquer dependência, não me faz bem nenhum…..mas lá vou ironizando com argumentos inúteis sobre os benefícios do hábito.

Bebo quando me apetece e me dá prazer não perturbando a minha vida nem a saúde. Nenhuma alcoólica é Educadora de Infância há 34 anos fora os cargos que desempenhei.

Gente conservadora, cheia de preconceitos, ignorante e que tem a província dentro da alma.

Gente que nunca se preocupou em saber o que é uma dependência, porque existem e quais existem.
Não invento nada, mas a ciência tem muito a dizer sobre o assunto.

Era comum falar-se de vícios, - Drogas, Substâncias Estimulantes, Substâncias Depressoras, Substâncias Alucinogénias, Substâncias Lícitas, Álcool, Jogo.

Hoje conhecem-se estudam-se mais depências ; Co-depência, Problemas alimentares e Manobras purgativas, Anorexia Nervosa Restritiva, Anorexia Nervosa Bulímica, Jejum Provocado, Manobras de Privação, Medo de Engordar, Má Nutrição.

Cada vez mais as dependências tomam novas formas. O ser humano assume com facilidade comportamentos que repete de um modo extremado e descontrolado, preenchendo critérios de dependência psicológica. Estamos a falar de dependências sem recurso a substâncias químicas, mas que assumem papéis dominantes na vida dos indivíduos.

Em todos estes exemplos, o indivíduo sente que dedica uma importância extrema a algo de que não consegue abdicar. Outras vezes o próprio não se apercebe, mas a exigência para satisfazer essa "vontade" passa a ser o centro da sua vida, ultrapassando a noção de razoabilidade e controlo do próprio sobre o seu comportamento.

O problema é que todos estes comportamentos ocupam o centro das atenções de vida para essa pessoa. A própria não consegue controlar o comportamento, sentindo que é invadida por um forte impulso para o repetir, existindo mesmo sofrimento pela ausência da repetição.

Por vezes, a pessoa não admite, perante si e perante os outros, que isso constitui um problema, mas ao longo do tempo percebe que já não apresenta o mesmo prazer inicial, ou que já não lhe basta. O maior ou menor sofrimento do indivíduo perante a situação de dependência, de entre outros factores  depende também da consciência da mesma.

Mesmo sem enumerar as explicações psicológicas, biológicas ou sociológicas que explicam esta problemática, permitam-me referir que problemas deste tipo nos remetem para a existência de dificuldades na relação do indivíduo consigo próprio, e/ou com os outros. Permitam-me ainda sublinhar que a sua gravidade está associada à precocidade dessa "relação de dependência" e que quanto menos instalada a situação, menos "danos" terá provocado na vida da pessoa, daí que a procura de ajuda técnica se deva fazer o quanto antes.

Relacionamento de dependência, personalidade dependente.

A Co-dependência é um tipo de patologia emocional/afectos e de relacionamentos.
De inicio, a descrição deste quadro incluía apenas famílias de pacientes alcoólicos, mas com o tempo, abrange membros de família (ex. mãe, pai, irmã ou irmão, avó ou avô, etc.) onde um dos seus apresenta dependência a substâncias psico-activas (adictivas) lícitas, incluindo o álcool e/ou ilícitas, problemas com o Jogo e em alguns casos, dependentes do sexo e do trabalho (workaholics).

A Codependência está associada a varias formas de abuso físico, emocional e em alguns casos sexual. Indivíduos cujas necessidades foram negligenciadas ao longo do seu desenvolvimento.

A maioria dos Co-dependentes sente uma atracção (necessidade em criar um vínculo afectivo) por indivíduos que aparentam, na perspectiva do Co-dependente, necessitar de ajuda; ex. carentes, dependentes, rejeitados, estigmatizados (vítimas de injustiça) e /ou impulsivos.

Caracteriza-se por:
-Baixa auto-estima e distorção cognitiva;

-Incapacidade de estabelecer de limites saudáveis nos relacionamentos de intimidade e de compromisso;

-Incapacidade em reconhecer e compreender a sua própria realidade (negação, racionalização e ilusão);
-Incapacidade de assumir a responsabilidade em gerir as suas necessidades quando adultos (atitudes, emoções e comportamentos);

-Tolerância desmedida à dor, à impotência, à rejeição, à agressividade (sem limites);


-Evoca o amor e a paixão para se aliar a parceiros/as onde a relação é baseada em jogos psicológicos e controlo.


-Incapacidade de identificar e expressar emoções dolorosas de forma moderada e ou construtiva (ex. raiva, ressentimento, medo, culpa e vergonha).

-Incapacidade de tolerar a separação, o luto, divórcio ou a frustração dos outros. Preocupação desmedida com aquilo que os outros fazem ou dizem; dependente da aprovação dos outros de forma a criar a sua própria identidade e auto conceito.

Também:

A) Seja o modo como se utiliza os telemóveis, a Internet, as redes sociais - que parecem facilitadoras da comunicação, mas que desvalorizam a proximidade interpessoal.

B) Sejam as compras supérfluas, tantas vezes na origem de descontrolo financeiro, mas cuja repetição parece impossível de travar.

C) Seja o trabalho que passa a ser a única actividade que ocupa - o pensamento e as acções, sendo prioridade sobre todos os outros interesses e ocupações, trazendo à mistura uma sensação estranha de que não se consegue parar.

D) Seja no campo das relações humanas de intimidade, nos exemplos de procura incessante e troca constante de parceiros sexuais, com vista ao prazer sexual, ou pela procura desesperada de uma relação de intimidade e proximidade.

E) Seja nas utilizações perturbadas com a comida, ou no recurso exagerado ao ginásio, entre outros.al. Se o parceiro está alegre, tudo está bem.
Eu, mulher da psicologia e psicanalisada, (como dizem os brasileiros), só tenho uma dependência – O tabaco

Sempre fui autónoma, não dependo de ninguém, nem afectivamente nem economicamente.
Respeito os outros e não lhes ando a inventar e apontar problemas de personalidade.

E a minha experência de vida deu-me a capacidade de olhar para “olhar para dentro de mim”.
O meu espelho não está partido.

Por isso não me chateiem ……e vão-se tratar!!!!!



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A Cólera de Botero


"É impossível haver progresso sem mudanças, e quem não consegue mudar a si mesmo não muda coisa alguma."

George Bernard Shaw



Lá em casa estavam doentes, teimosamente as maleitas não passavam. Não havia medicamento, rezas, bênçãos que afastasse aquele sofrimento, arrastado, dorido.

Eram apáticos,ela mais do que ele,ela era inerte, como se por fora fosse uma árvore e por dentro a seiva ardente rodopiava sem sentido, com força e sem orlas que a contivessem.

Ele, menos contido, a mágoa de não saber onde estava, levava-o a vociferar palavras sem nexo, em delírio pelo seu estado febril que inibia a sua liberdade de pensar. A dependência à excitação e às subordinações que não controlava tornavam-no insarável.

Não se tocavam, o medo da contaminação era maior que o Amor!

Por vezes absortos, descuravam os seus males aproximavam-se receosamente, como se fossem descobrir o princípio da cura. Exíguos momentos de puro desacerto, mas tão desejados tão ansiados que se fracassados eram silenciados. Não havia palavra nem gesto, nem empenho, era mais um fim de um princípio que não existia.

Ontem estavam doidos de desejo, ali mesmo na sala, já cansados que o filme tinha sido longo e enfadonho.

Corpos enroscados, ávidos, húmidos, harmónicos, arrebatados, como se fossem um só.

O Amor e o Corpo unidos em suspiros de êxtase como se o tempo tivesse parado e fosse todo deles, apreenderam a eterna sensação sem opressão de princípio e fim. Tinham conhecido a perenidade do Amor da rendição mútua e superior.

Com o braço, ela quis chegar-lhe mais longe, esticou-o e foi-lhe afagando as costas, com um movimento mais amplo tocou na mesa, sentiu a superfície fria e abriu os olhos.

Na penumbra viu uma figura bizarra, rosada, carnavalesca, estátua de Botero feita humana, que tinha o olhar fixo, obsceno, triunfante, malévolo.
Ela estremeceu, a sua sofreguidão tornou-se em agitação, a humidade do corpo em suores frios.

Acordou, afinal tudo não passara de um sonho! Um sonho maravilhoso com um pérfido final.

Levantou-se, vestiu o roupão, sentou-se no sofá e acendeu um cigarro.

Ele, como habitual, sem palavra nem gesto, foi comer uma maçã e sentou-se ao computador. Dizem que foi trabalhar.

Ela voltou a sentir a seiva sem contenção, ferida, descontrolada, sem saber se era noite ou dia.

Mas também o que é que isso interessa?




sábado, 5 de janeiro de 2013

Há palavras que ferem mais que uma navalha.


Escrevo este pequeno texto à minha amiga de infância, Maria Branco, que está a atravessar uma fase difícil da sua vida.

A Maria é uma mulher simples, é o que é, não tem ambições de dinheiro nem de poder. Nasceu numa família sem dificuldades. Gosta de aprender, estudar, relacionar-se com os outros.

Não existia sem “O Outro”, preocupa-se com ele todos os dias e as tarefas que tem desempenhado são sempre nesse sentido. 

Quer justiça social, quer igualdade de oportunidades, não tem medo da verdade e tem coragem para enfrentar tudo e todos pelos objectivos em que acredita.

A Maria é uma pessoa “perigosa”! Gosta da verdade e não se vende por “jeitinho” nem por nada.

Ama profundamente, o seu companheiro, o seu filho, os seus Pais, a sua família toda e O Outro. Nunca se esquece de ninguém.

Vêm-lhe as lágrimas aos olhos quando se enternece, quando sente uma injustiça, para si ou para O Outro e se extasia-se perante a Criação da Vida, Construção, Vitórias…

Se forem emoções fortes chora convulsivamente.

A Maria anda metida em “maus lençóis”.

Sempre amou muito mais que a amaram mas nunca desistiu do amor. Foi sempre tudo tão difícil que só consegui ter um filho aos 40 anos.

O Pai do filho deu-lhe umas “pantufadas” para que não lhe faltasse experiência nenhuma na vida.

A Maria encontrou um companheiro maravilhoso, carinhoso, delicado, sensível, aquilo que ela queria para o fim da sua vida atribulada. 

Amaram-se tanto que não conseguiam viver um sem o outro e juntaram os trapinhos e foram muito felizes. A Maria levou tudo o que tinha dela e entregou-se.

 Foi diagnosticado à Maria um cancro e ele foi o melhor companheiro do Mundo.

Andavam sempre juntos, com aqueles olhares cúmplices que até irritavam. Quase que não me apetecia estar com eles.

Até aquele dia em que ele em que ele deixou de olhar para ela, começou a sair sem ela e desligava o telemóvel, começou a partilhar a intimidade deles com outras pessoas….e se foi distanciando.

A Maria estava em casa porque não podia trabalhar devido ao seu problema oncológico e sequelas de problemas recentes muito graves e ficou muito mais derrubada quando o seu grande Amor lhe começou a dizer frases injustas; que usava uma “doença de nada” para justificar a preguiça, já que está em casa podia-a ter a brilhar, que a comida que faz não presta nem dá para restos….. (Ela diz-me que ele nem imagina o que ela tem que inventar para fazer refeições de 3€s)….

Andou tanto tempo a gaba-la como a melhor cozinheira…

A Maria está em casa, sozinha. Faz algum trabalho político e sindical sempre que pode, que é o que ela mais gosta, mas o seu Amor diz-lhe que se sai é para ir ao “engate”.

Tenho mesmo que a ajudar, ela sempre foi lutadora mas está a perder a força.

Ainda tem muito para fazer por ela e por todos.

Espero que ela me leia e perceba que não está sozinha.

Amo-te Maria, estou aqui desde pequeninas para nos ampararmos.

Não desesperes, amanhã é outro dia.

E o Sol nasce todos os dias para ti.